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2012 - Livro Vermelho 2013

Oxalis hedysarifolia Raddi LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 29-05-2012

Criterio:

Avaliador: Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Oxalis hedysarifolia caracteriza-se por ervas, subarbustos ou arbustos, terrícolas. Nãoendêmica do Brasil. Ocorre da região norte a sul do país, não estando ameaçadano contexto nacional. Apresenta ampla extensão de ocorrência, e ocorre em amplafaixa altitudinal, variando do nível do mar até 1000m de altitude. Presente emtrês domínios fitogeográficos, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, neste últimoocorre em Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, formaçõescampestres e restinga. Protegida por Unidades de Conservação. Bem representadaem coleções científicas, inclusive por coletas recentes. Não atribui valorcomercial.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Oxalis hedysarifolia Raddi;

Família: Oxalidaceae

Sinônimos:

  • > Oxalis cearensis ;
  • > Acetosella cearensis ;
  • > Oxalis melilotoides ;
  • > Acetosella campestris ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Mem. Soc. Ital. Sci. Moderna 18(2): 401. 1820. Facilmente reconhecida pelos folíolos trulados com nervuras pouco evidentes, ramos tomentosos e cápsulas globoso-elipsóides com 3 sementes. Conhecida como "Trevo azedo" no estado de Pernambuco (Abreu, 2007).

Distribuição

Ocorre no Paraguai e Bolívia (Fiaschi; Conceição, 2005), no Brasil, nos estados do Pará, Rondônia, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina (Abreu; Fiaschi, 2012); até 1000m de altitude (Abreu, 2007).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas, arbustos ou subarbustos, eretos, terrícolas, podendo atingir entre 0,3-1,2m de altura; floresce e frutifica o ano inteiro (Abreu; Fiaschi, 2012; Fiaschi; Conceição, 2005; Abreu, 2007).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Mais de 25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem na Caatinga. A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuem ainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como a agricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto além do corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Os bovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI e rapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagem intensiva. O número estimado de cabeças desses animais, atualmente, é de mais de 10 milhões e já são reconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e, principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início da colonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foram convertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foram largamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando o regime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e até mesmo de grandes rios. Rios anteriormente navegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior do país, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigação desenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têm acelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solo têm causado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% da área da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanusKunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf,Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000km2 - uma área equivalente ao estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

Ações de conservação

4.4.3 Management
Observações: Ocorre em Unidades de Conservação: Floresta Nacional do Araripe, no estado do Ceará e Parque Estadual de Jacupiranga, em São Paulo (CNCFlora, 2012).

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Vulnerável (VU) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

Referências

- ABREU, M.C.; FIASCHI, P. Oxalis doceana in Oxalidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB012461>.

- ABREU, M.C.; FIACHI, P.STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Oxalidaceae. 2009. 404-405 p.

- FIASCHI, P.; CONCEIÇÃO, A.A. Oxalis (Oxalidaceae). In: WANDERLEY, M.G.L.; SHEPHERD, G.J.; MELHEM, T.S.; MARTINS, S.E.; KIRIZAWA, M.; GIULIETTI, A.M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP/Rima, p.301-315, 2005.

- ABREU, M.C. Sistemática do gênero Oxalis L. (Oxalidaceae R.Br.) no estado de Pernambuco, Brasil. Mestrado. Recife: Universidade Federal Ruaral de Pernambuco, 2007.

- ABREU, M.C.; CARVALHO, R.; SALES, M.F. Oxalis L. (Oxalidaceae) no Estado de Pernambuco, Brasil., Acta Botanica Brasilica, v.22, p.399-416, 2008.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; LACHER JR., T.E. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil., Megadiversidade, p.139-146, 2005.

Como citar

CNCFlora. Oxalis hedysarifolia in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Oxalis hedysarifolia>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 29/05/2012 - 19:59:24